quarta-feira, 13 de maio de 2009

de petuchki a moscovo

em petuchki, começa em segundos a transmissão de um cancro tímido e sibilante.
erofeev, o mosquito debutante pelas ruas da cidade, é o agente encarregue de tão imprevista actividade.
ganhou o estatuto pela sua natureza e não por casual favor.
de bico pontiagudo e corpo rijo mas delgado, com faro para a carne humana e mestria de toque, iniciará a transmissão do surto presa a presa sem delongas.
e é assistir, a partir de agora em directo ou depois deste momento em diferido [conforme a opção e oportunidade], ao declínio da sociedade.
primeiro os velhos, depois os mais fracos. de seguida os mais novos e as mulheres. e finalmente os mais fortes.
de tão ordinários, tornam.se presas fáceis. de corpo a esqueleto. de esqueleto a carcaça. numa espiral de decadência redundante.
um a um. uns a seguir aos outros. todos. são consumidos como cornijas de papel em fogo, por agonia, em paralisia e sem capacidade de debate.
o cálculo dá certo. o resultado satisfaz a expectativa. zero.
e a partir de petuchki, erofeev inicia o périplo para moscovo. em mistério, é acompanhado somente pela sua sombra, num rasto de luz sem bandeira.
pelo caminho, a civilização vai desaparecendo em ressaca.

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