Vladimir Kükas morreu com dois caninos de lince enterrados no dedo médio do pé direito. Todos acharam que não era motivo para o homem ter falecido e o único diagnóstico que a família se dignou a aceitar foi o de vista cansada.
Insólito foi o seguinte: Vladimir Kükas na semana anterior tinha ido cortar o cabelo ao mesmo sítio onde fôra 5 anos antes. No entanto, nessa altura era ele quem desbastava a cabeleira alheia e não ao contrário. Agora, o porquê do regresso, agora na qualidade de cliente, é que nunca ninguém conseguiu perceber. Nem tão pouco o facto de se ter apresentado na cadeira do barbeiro vestido de rena da Suécia. Não do Alasca, não façamos confusões. Da Suécia.
O barbeiro, esse, fez o seu trabalho sem dizer uma palavra acerca da indumentária de Vladimir. Mas talvez tivesse feito bem em avisá-lo do lince que trazia agarrado à tira de velcro que tinha nas costas. Felino esse que, como é sabido, haveria de o assassinar.
terça-feira, 16 de março de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Morreu Novembro
Aquando da morte de Novembro, Dezembro decidiu revelar o ensaio crítico que elaborou acerca daquela pessoa, avaliação efectuada ainda a meio de Outubro.
Crítico factual. Nunca destrutivo.
Prestamos-lhe assim homenagem com a transcrição dessas palavras:
"Novembro é um bruxo albino.
Raramente sai à rua
com medo do frio e da chuva,
em vez de temer o sol.
É dos chás que ele engole.
Raras e vis mezinhas, que trocam sangue e juízo.
Está sempre a prepará-las,
é por elas que está vivo.
Embora haja quem discorde.
Enverga um manto preto
que contrasta com a pele
e condiz com a alma.
Brilhante combinação.
E assim é Novembro:
olhos escarlates,
dedos brancos,
dias mancos."
Crítico factual. Nunca destrutivo.
Prestamos-lhe assim homenagem com a transcrição dessas palavras:
"Novembro é um bruxo albino.
Raramente sai à rua
com medo do frio e da chuva,
em vez de temer o sol.
É dos chás que ele engole.
Raras e vis mezinhas, que trocam sangue e juízo.
Está sempre a prepará-las,
é por elas que está vivo.
Embora haja quem discorde.
Enverga um manto preto
que contrasta com a pele
e condiz com a alma.
Brilhante combinação.
E assim é Novembro:
olhos escarlates,
dedos brancos,
dias mancos."
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