sexta-feira, 19 de junho de 2009

Noite em branco


De todas as vezes que sonhei acordado,
e sempre que acordei a sonhar, 
avistei infinitudes finitas,
que bailavam como sombras estranhas, 
e agitavam-se como labaredas, 
só que sem luz,
só escuro, 
sem pressa de me fazer levantar, 
sem urgência de me obrigar a viver, 
silenciosas e cínicas, 
dançavam até de dia, 
sem vida nem morte nem nada.

Farrapos pretos de uma noite branca.

Noite em branco.

Que o é porque grita sussurros.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Morreu Maio

Ontem morreu Maio.
Junho avaliou-o a meio de Abril e, na altura, elaborou um ensaio crítico acerca da sua pessoa. 
Crítico factual. Nunca destrutivo.

Prestamos-lhe assim homenagem com a transcrição dessas palavras:

"Maio é uma velha com mil filhos.
E sempre que olhamos para ela, 
está à espera de mil mais.

No adro da velha igreja, 
dá pãozinho aos pardais.

Veste preto, com ar doce, fala dos dias que aí vêm.
Dá esperança a quem passa, dá alento a quem quer.
E sente quente lá dentro quem fala com esta mulher.

Muito velha,
com mil filhos.
Sem nenhum querer perder.

E assim é Maio, 
nobre mãe, 
que fala do calor que aí vem."